Tratamento da anemia em diversos tipos de câncer com a eritropoetina e o ferro endovenoso

Autor: - 2017-12-19 16:24:24
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 A anemia é uma alteração hematológica considerada como comum em pacientes oncológicos (portadores de câncer), sendo caracterizada pela diminuição do número (volume) de eritrócitos (hemácias - células vermelhas do sangue). A anemia se faz presente quando o valor da hemoglobina é inferior a 12g/dl e o hematócrito, inferior a 36%.

A "anemia da doença crônica" é considerada a forma mais comum de anemia em pacientes com câncer. A utilização defeituosa de ferro é apontada como a base da doença, que é caracterizada pela deficiência do ferro sérico, porém com concentrações consideradas como normais ou elevados de ferritina e ferro endógeno [2]. Além das alterações do metabolismo do ferro, outros fatores também devem ser destacados como possíveis desencadeadores desse tipo de anemia, tais como: síntese não suficiente de eritropoetina endógena, aumento da expressão de diversas citocinas e supressão da diferenciação da célula precursora de eritrócitos.

Outra forma de anemia que pode se manifestar em pacientes oncológicos é a anemia decorrente de quimioterapia ou radioterapia. Ambas as terapias podem interferir negativamente no funcionamento da medula óssea. Isso ocorre porque determinados agentes quimioterápicos são potencialmente tóxicos e podem destruir certos componentes da medula óssea, interferindo no desenvolvimento das células tronco e, posteriormente, das hemácias (eritrócitos).

Através da interferência de tais terapias a capacidade de repor as células sanguíneas circulantes da medula óssea se torna insuficiente, prejudicando desta forma a quantidade de células do sangue, tal como os eritrócitos.

Dados extraídos de estudos evidenciam que a quantidade de pacientes com anemia que são portadores de tumores sólidos pode aumentar mais de 50% após quimioterapia isolada ou associada à radioterapia [1].

É recomendável que haja uma investigação detalhada das causas da anemia nestes pacientes, pois tanto a doença como o tratamento oncológico podem acarretar estados anêmicos.  Somente o médico é capaz de diagnosticar e prescrever o tratamento apropriado dependendo do tipo de anemia que foi identificada.

Tratamento para a anemia em pacientes com câncer:

A transfusão sanguínea é utilizada com alta freqüência para o tratamento de pacientes com câncer que sofrem de anemia, principalmente quando se trata de anemia grave que requeira tratamento imediato, ou em casos nos quais o paciente não responda à terapêutica com eritropoetina. Entretanto, a transfusão está associada a um alto número de complicações, desde reações hemolíticas, transmissão de doenças infecciosas (exemplo, hepatites B e C, HIV, citomegalovírus e outros), reações alérgicas e outras.

A eritropoetina recombinante humana (rHuEpo) tem sido recomendada como tratamento alternativo às transfusões. Pesquisas evidenciaram que a utilização da eritropoetina para o tratamento da anemia em doentes portadores de câncer (número superior a 850 pacientes) indicou resposta positiva em mais de 50% dos casos, sendo, portanto verificado, um aumento dos níveis de hemoglobina e redução da necessidade de transfusões, com posterior melhora da qualidade de vida dos destes pacientes.

O que é eritropoetina?

Eritropoetina ou EPO é um hormônio glicoprotéico secretado principalmente pelos rins e em baixa quantidade pelo fígado. A Eritropoetina é ainda definida como um fator de crescimento que é capaz de estimular a síntese (produção) de glóbulos vermelhos do sangue (eritrócitos). Os glóbulos vermelhos compõem a maior parte de células do sangue, sendo que sua principal função é a de transportar oxigênio por absolutamente todo o organismo.

Eritropoetina humana recombinante o que é?

Eritropoetina humana recombinante ou rHuEPO é a forma sintética da eritropoetina endógena (produzida pelo organismo). A Eritropoetina humana recombinante é obtida através da tecnologia de recombinação genética (DNA recombinante). A rHuEPO é considerada como compatível biológica e imunologicamente com o gene da EPO humana. A obtenção da eritropoetina sintética (rHuEPO) foi realizada pioneiramente em meados de 1977, quando o gene da EPO humana foi purificado, isolado e clonado. Segundo pesquisas [3], atualmente o gene da EPO clonado é produzido em células CHO, ou seja, é inserido em células de ovários de hamsters chineses, possibilitando a síntese (produção) de quantidades em massa.

Em meados de 1983, a eritropoetina humana recombinante se tornou disponível comercialmente no mercado, sendo utilizada com frequência pela clínica médica, atuando principalmente na melhora da qualidade de vida de indivíduos que careciam de transfusões de sangue com alta frequência ou pacientes para auxiliar no tratamento da anemia em pacientes portadores de insuficiência renal crônica [3].

Tratamento da anemia em pacientes oncológicos:

Este artigo é composto à base de estudos e pesquisas que em sua maioria abordam o uso da eritropoetina no tratamento da anemia em pacientes com câncer. Entretanto, é essencial salientar que é necessária a investigação e o tratamento de outras possíveis causas da anemia antes do início do tratamento à base de eritropoetina, pois diversos fatores também podem desencadear a anemia, assim como: baixos níveis de ferro, folato, vitamina B12, hemorragia interna ou doenças (problemas) renais.

Caso a anemia decorrente do tratamento (quimioterapia) do câncer (mieloma) seja diagnosticada pelo médico como moderada ou grave, possivelmente ele irá indicar a terapia à base de eritropoetina como uma alternativa à transfusão de sangue. No entanto, caso a anemia seja grave e requeira tratamento imediato, o médico provavelmente irá indicar a transfusão de sangue. Somente o médico está apto para indicar a terapia adequada dependendo do quadro e das condições do paciente.

Fontes:

1 - Eritropoetina no tratamento da anemia em paciente portador de doença oncológica.
2 - Eritropoetina: síntese e liberação fisiológica e o uso de sua forma recombinante no esporte.
3 - https://www.themmrf.org/multiple-myeloma-knowledge-center/myeloma-treatments-guide/growth-factors/erythropeietin/